Pular para o conteúdo principal

Consumidor: intoxicação alimentar pode render indenização na Justiça por dano moral

CONSUMIDOR: INTOXICAÇÃO ALIMENTAR PODE RENDER INDENIZAÇÃO NA JUSTIÇA POR DANO MORAL


Alguma vez você encontrou alimentos vencidos na prateleira do mercado? Comprou leite azedo ou carne com aspecto diferente? E, depois de comer fora de casa, teve intoxicação alimentar? Pois esse tipo de situação é mais comum do que se imagina. E está prevista no artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor (CDC). A norma estabelece que são impróprios para consumo produtos cujos prazos de validade estejam vencidos, que não informem a data de forma legível, que se apresentem deteriorados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos ou fraudados, em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação.
“É muito simples: o alimento fora do prazo de validade, mesmo que seja por um dia, se torna impróprio para consumo. Temos uma cultura popular de que o alimento, quando não está apodrecido, mesmo vencido, ainda pode ser consumido. Mas isso apresenta um risco tremendo à saúde”, adverte Lindojon Bezerra, professor do Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e especialista em direito do consumidor.
Segundo Lindojon, muitas pessoas acreditam que impróprios para consumo são apenas alimentos fora do prazo de validade. “São diversos critérios. O tipo de armazenamento é um grande causador de problemas desse tipo. Segurança alimentar é dever do estabelecimento. É obrigação saber como acondicionar e como fazer o descongelamento adequado”, explica Lindojon.
O estudante Samuel Alves Teixeira, 24 anos, teve uma experiência desagradável em um rodízio de comida japonesa. Ele comemorava o aniversário da namorada com mais quatro amigos quando notou que a textura dos alimentos estava diferente. Mas, como o restaurante era conhecido pelo grupo, não se preocupou. “Nunca havíamos tido problemas lá. Por isso, deixei passar. Até achei que fosse o meu paladar”, conta.
Não demorou muito para Samuel apresentar vômito e diarreia. No dia seguinte, ele foi internado em um hospital por causa de uma bactéria. “Todo mundo passou mal. Aí, chegamos à conclusão de que tinha sido a comida japonesa”, relata. O estudante procurou o restaurante para registrar queixa, mas a crítica não foi bem recebida. “Trataram-me mal e quiseram me constranger, como se eu quisesse dar algum golpe”, lamenta.
O grupo, então, entrou com uma ação judicial contra o estabelecimento. “Esse tipo de incidente pode acontecer em qualquer lugar. Todos nós passamos mal com alguma comida. Mas decidimos recorrer pela forma como fomos tratados”, justifica. Os amigos pedem na Justiça ressarcimento pelo prejuízo financeiro com despesas médicas e indenização por danos morais.

Prazo de reclamação

Alimentos são considerados produtos não duráveis. Portanto, o que deve fazer quem suspeitar de algo impróprio para consumo ou encontrar objetos estranhos? Caso isso aconteça, o CDC defende que o fabricante ou o fornecedor passa a ser o responsável por ressarcir o consumidor, seja com a substituição imediata da quantia paga, seja com o abatimento proporcional do preço.
O especialista Lindojon explica que a responsabilidade é tanto do fabricante quanto do comerciante. Dessa forma, o consumidor pode acionar na Justiça qualquer um deles ou os dois. De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em regra, a reparação do dano é de responsabilidade do fabricante, independentemente da comprovação. Mas o comerciante também é responsável nos casos em que a origem não puder ser identificada ou quando a comida não estiver conservada adequadamente.
O professor do UniCeub aponta três medidas a serem tomadas caso o consumidor se sinta prejudicado. A primeira e mais comum é procurar o Procon ou a Vigilância Sanitária, que tomarão providências necessárias e ações administrativas contra o estabelecimento ou fabricante. O consumidor pode recorrer também a uma medida administrativa coletiva, fazendo uma denúncia no Ministério Público.
Em casos mais graves, como o de Samuel, o consumidor pode tomar uma medida judicial. “Por meio da Justiça, é possível pedir reparação de todos os prejuízos, sejam eles materiais, como consultas e medicamentos, sejam de danos morais. Algumas pessoas ficam traumatizadas, principalmente quando a vítima é uma criança. O psicológico fica abalado”, reforça Lindojon.
Para evitar problemas, é necessário que o consumidor verifique, em produtos adquiridos em estabelecimentos como supermercados, as condições de armazenamento, data de validade e aparência. No caso de restaurantes, é importante escolher locais conhecidos e com o selo da Vigilância Sanitária. Além disso, é direito solicitar uma visita à cozinha do estabelecimento. “A única coisa que o restaurante pode exigir é a vestimenta adequada, que coloque uma touca ou propé. Se, por acaso, o estabelecimento barrar a pessoa, imediatamente ela pode chamar o Procon ou a Vigilância Sanitária”, alerta Lindojon.
(Por Renata Nagashima sob supervisão de Guilherme Goulart / Fonte: www.correiobraziliense.com.br)


⏬⏬LEIA TAMBÉM⏬⏬

Comentários

Mais visitadas

Profissão cobiçada: como está realmente o mercado de trabalho pra quem faz Direito?

PROFISSÃO COBIÇADA: COMO ESTÁ REALMENTE O MERCADO DE TRABALHO PARA QUEM FAZ DIREITO? Descubra onde estão as melhores oportunidades de trabalho para quem quer seguir a carreira de advogado ou jurista! Como está o mercado de trabalho pra quem faz Direito? Direito tornou-se a profissão mais desejada dos brasileiros. As salas de aula deste curso comportam, atualmente, mais de 1000 mil estudantes espalhados por todo o território nacional, de acordo com o Censo do Ensino Superior. As oportunidades de trabalho para quem opta por esta graduação cresceram rapidamente nos últimos anos, o que fez subir ainda mais a procura pelo curso nos vestibulares e processos seletivos que usam a nota do Enem, como Sisu e ProUni. No mesmo passo, aumentou também o número de profissionais na ativa – tornando a concorrência por uma vaga de emprego ainda mais acirrada. Por sorte, o mercado é grande e continua se expandindo, tanto na iniciativa privada quanto no serviço público. O Direito p...

Escreva bem, fale melhor! 60 erros de português muito comuns no mundo do trabalho

ESCREVA BEM, FALE MELHOR! 60 ERROS DE PORTUGUÊS MUITO COMUNS NO MUNDO DO TRABALHO Falar e escrever corretamente é obrigatório para se dar bem em qualquer profissão. Além de ter uma redação bem estruturada, é preciso dominar a norma culta do português para ser admitido em qualquer processo seletivo, manter-se empregado e alçar novas posições hierárquicas. Apesar disso, os tropeços na língua são incrivelmente frequentes no mundo corporativo. E-mails, relatórios, artigos e apresentações estão infestados de erros de ortografia, sintaxe, regência, pontuação e conjugação verbal Para Rosângela Cremaschi, consultora empresarial na RC7 e professora de comunicação na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), a insuficiência da educação de base do brasileiro faz com que muita gente ingresse no mercado de trabalho com fortes dúvidas sobre o próprio idioma. Quanto mais alto o cargo, piores são os efeitos dos “tropeços” para a imagem do profissional, diz Reinaldo Passadori, presid...

Por que estes serão os advogados mais disputados pelo mercado de trabalho

POR QUE ESTES SERÃO OS ADVOGADOS MAIS DISPUTADOS PELO MERCADO DE TRABALHO O mercado de trabalho jurídico presencia uma reviravolta em 2019 e áreas pouco demandadas no ano passado surgem no horizonte de carreiras mais promissoras do ano. Desde a confirmação do cenário político, uma onda de otimismo estimula a volta de investimentos e o recrutamento jurídico é um dos primeiros a se agitar. “Isso acontece porque o mercado jurídico é peça chave dessa mudança”, diz Camila Dable, sócia da Salomon Azzi, consultoria de recrutamento e seleção na área jurídica. Expoentes dessa mudança de perfil jurídico mais buscado em escritórios e empresas são os advogados que atuam na área imobiliária e de mercado de capitais. Segundo os profissionais consultados por  EXAME , esses mercados mais afetados pela recessão deverão ter um ano melhor. “A definição e melhora de diversos cenários da política e economia cria condições para a retomada da atividade. A conjunção de interesses entre qu...